Acne x Alimentação

Há muito tempo algumas pesquisas tentam esclarecer a relação de acne e dieta, muitas verdades e muitas crendices rondam este assunto.

A acne é uma doença do folículo pilosossebáceo (glândula sebácea + poro + pêlo) e tem quatro fatores desencadeantes: excesso de produção de sebo pela glândula, hiperqueratinização folicular, aumento da colonização da bactéria Propionibacterium acnes e inflamação da derme periglândular. A acne acomete 95% dos meninos e 83% das meninas na faixa dos 16 anos de idade. Está mais presente no sexo masculino devido à ação hormonal dos mesmos. De acordo com os fatores ambientais que desencadeiam a acne o sebo é o componente mais afetado.

Indício nº 1: Obesidade e acne: não é uma questão do quanto, mas do que se come

De acordo com o tópico acima, muitas pessoas associam acne com obesidade, mas pesquisas recentes não tem mostrado relação com o peso corporal e a acne e sim o tipo de hábitos alimentares da pessoa.

Indício nº 2: Hábitos alimentares ocidentalizados e o surgimento da acne

Foram estudados diferentes hábitos alimentares de sociedades não ocidentalizadas e vilas rurais (Papua-Nova Guiné, povos Ache (Paraguai), povos do sul da África, esquimós Inuit, etc..), onde se encontra baixo índice glicêmico na dieta em comparação às sociedades ocidentalizadas (Estados Unidos, Brasil, etc..), detectou-se que não apresentavam alteração de pele até a introdução de hábitos alimentares ocidentalizados. Com esses achados, nota-se, então, que, o consumo frequente de carboidrato de alto índice glicêmico pode expor adolescentes a produção excessiva de insulina que influência no crescimento epitelial folicular, na queratinização e também na secreção sebácea.

Indício nº 3: Nutrição como acelerador sexual e desencadeante da acne

Estudos mostram que adolescentes que tem ingestão de alimentos com baixo índice glicêmico apresentam atraso na menarca (primeira menstruação), semelhante ao que ocorre com atletas e bailarinas. Em 1970, a primeira menarca ocorria por volta dos 12 anos, ao passo que, em 1835, era em torno dos 16 anos de idade. Foi concluído então que a prevalência e o prognóstico da acne se correlacionam com a maturação sexual.

Indício nº 4: O leite como estímulo à acne

Apesar de o leite ser considerado um alimento de baixo índice glicêmico, eles induzem, ao aumento de insulina (hormônio) favorecendo o surgimento e agravamento da acne. Além de aumentar a taxa hormonal, estão presente no leite: estrógeno, progesterona e precursores andrógenos que também estimulam a acne. Recomenda-se, portanto, como parte fundamental à terapêutica da acne, que se evite a ingestão de laticínios e carboidratos com alto índice glicêmico, pois, assim, postula-se conseguir diminuir os níveis hormonais, o qual age, na unidade pilossebácea de indivíduos geneticamente predispostos.

Indício nº 5: Prevenção da acne pela diminuição de triglicerídeos

O sebo humano é composto, principalmente, por triglicérides (40%-60%), cerídeos (19%-26%), escaleno (11%-15%) e pequena quantidade de colesterol. Presume-se que a fração de triglicérides do sebo seja responsável pelo desenvolvimento da acne.

Indício nº 6: Papel protetor do zinco e vitamina A

Há muito tempo a vitamina A e o zinco são conhecidos no tratamento da acne por possuir efeito inibidor. Recentemente foi realizado um estudo de concentração sanguínea da vitamina A e zinco com 173 pacientes com acne e sem acne, os pacientes com acne tiveram níveis inferiores de ambos e este nível era menor ainda em pacientes com acne grave.

Indício nº 7: Chocolate – inocente ou vilão?

Poucos estudos têm relatado a interferência do chocolate na formação da acne, porém o chocolate tem alto teor glicêmico que ativa a formação de hormônios responsáveis pela acne. Através de sinais e sintomas clínicos fica claro de que existe uma forte ligação. Segundo a Dra. Mariana Barbato, no último congresso internacional de dermatologia foi apresentado uma pesquisa comprovando que o chocolate predispõe a acne.

Fonte: An Bras Dermatol. 2010;85(3):346-53.